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Especialista TI: finalmente parte da empresa?

Há muito que programadores e especialistas de TI sabem que a organização para a qual trabalham depende bastante do seu conhecimento e da sua capacidade criativa. Gradualmente, o resto da empresa está a perceber isto e o departamento de TI está a deixar de ser aquele custo desconhecido e mal-amado para se transformar num parceiro acarinhado. Isto é bom? Claro que sim, mas esta evolução dá azo a novos desafios.

Se a pandemia da COVID-19 teve um aspeto positivo, foi o de ter colocado os especialistas de TI no lugar que é seu por direito. A nível mundial, durante os confinamentos, os departamentos de TI asseguraram que as empresas continuassem a funcionar e todos começaram a perceber o poder da digitalização. Até os dirigentes mais teimosos colocaram a transformação digital na agenda.

1. Mais do que um custo

As pessoas estão a compreender gradualmente que o departamento de TI pode ser muito mais do que o responsável por manter aplicações críticas a funcionar e por repor palavras-passe. Em estreita colaboração com a parte empresarial, os programadores podem tornar a vida dos colegas de outros departamentos mais fácil, tornar os processos mais flexíveis ou robustos e melhorar a experiência dos clientes

Maior reconhecimento: excelente! Mas isso também significa que haja cada vez mais gente a bater à porta destes departamentos. Como gestor ou como programador, há boas hipóteses de te teres deparado recentemente com colegas que nunca tinhas visto antes. Subitamente, há questões específicas para as quais eles esperam que tu tenhas soluções.

E provavelmente até as tens. Uma implementação de RPA pode ajudar a Maria Clara da contabilidade, um chatbot simples ligado à base de dados de produtos pode ser útil à equipa de marketing e porque é que a malta das vendas não tem acesso aos registos dos clientes no telemóvel? Este tipo de projetos de digitalização aumentam a produtividade e, se forem levados a cabo devidamente, proporcionam satisfação.

2. Quem quer o quê e porquê?

Mas o que é que o Bernardo do marketing quer mesmo? Não podes esperar que ele tenha os conhecimentos de TI necessários para te explicar o que pretende usando a tua linguagem. Por isso, compete-te a ti, mais do que nunca, falar a linguagem das pessoas mais ligadas ao negócio. Se escreves código à pressa, sem saber exatamente aquilo que o Bernardo pretende, ninguém vai ficar contente.

Obviamente, não tens de saber tudo, mas vale a pena teres uma ideia vaga do que a empresa faz e quais são os desafios que os teus colegas enfrentam. Isso pode ser bastante útil. Assim, podes antecipar novas funções ou perceber de imediato que uma certa questão é isolada e outro projeto tem o potencial de mudar de uma vez por todas a forma como são geridas as contas.

3. Uma conversa com impacto

O que é que isso significa ao certo? O teu kit de competências TI é muito valioso e ninguém tem dúvidas disso. Mas e se conseguisses combinar esse conhecimento e experiência com um conhecimento modesto de outros aspetos de uma empresa moderna? Não precisas de qualquer formação adicional para isso. Uma conversa com um colega na qual procures perceber como é que se processa o seu trabalho quotidiano pode, muitas vezes, fornecer-te conhecimento que permanecerá relevante ao longo de toda a tua carreira. Talvez isso possa até acontecer durante um almoço de negócios demorado, em que te alimentas de muito mais do que comida.

Um efeito secundário bem-vindo é que há boas probabilidades de esse conhecimento ser, em breve, útil no teu trabalho. Os utilizadores ficam mais satisfeitos e tu precisas de fazer menos ajustes, por a descrição do projeto original não ser clara. Há demasiado tempo que programadores e administradores de sistemas têm sido tratados como extraterrestres com uma função importante, mas incompreensível. Porém, cada vez mais os colegas compreendem que as TI lhes podem ser úteis. Cabe-te a ti assumir as rédeas e dar início à conversa.

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